Psicóloga – Natália Filomeno

Qualidade de vida, Autonomia e Autoestima.

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Qualidade de vida é um termo muito utilizado na contemporaneidade e vem ganhando fundamentação teórica a partir de pesquisas. O sentido remete a promoção de bem-estar emocional, biológico e social. O Conjunto de hábitos e costumes adquiridos ao longo da vida transmite a maneira subjetiva de compreender o mundo interno e externo. A Qualidade de vida é percebida de maneira singular na qual é transmitida em sentimentos que remetem bem-estar. A avaliação original que faz sentido o pensamento é atravessada por uma rede social que se torna fundamental para a construção da identidade pessoal. As mudanças na rede social constituem um registro para os diversos períodos do ciclo vital (SLUZKI, 1997). A força da interação social é percebida na terapia sistêmica, pois ao entender a história familiar se percebe o compromisso coletivo. Os processos de interação que constroem os sentidos sociais passaram a ser uma questão fundamental na teoria e, na prática da psicoterapia (FRUGERI, 1998).

As relações sociais constitutivas a condição humana se complementam com um ambiente facilitador para criação de subjetividade quando ocorre com qualidade de vida. A Rede Social tem o papel de contribuir a auto-organização dos sistemas em que acontece o desenvolvimento pessoal, familiar, e social (UBER: BOECKEL, 2014). As possibilidades que se criam por laços afetivos tornam a relação mais saudável e prazerosa. A qualidade de vida de indivíduos que se relacionam em diferentes fases da vida acontece em diferentes espaços socais.

Dentre os conceitos atuais, qualidade de vida pode ser referenciada a construção do indivíduo na sua singularidade. As interações que atravessam relacionalmente conectam pessoas da mesma espécie. O que torna um ambiente seguro e propício para elaboração de subjetividade é um meio que acolha, respeite e inclua.

Ao experimentar afetos positivos, o indivíduo vivencia a satisfação de bem-estar. Na contemporaneidade, os eventos causadores de mal-estar tendem a estar mais relacionados à rotina de vida do que momentos disparadores de prazer.

 A potencialidade de nossas solidões é influenciada pela qualidade dos vínculos (ANTON, 2018). As experiências que o tempo fornece acumulam autoconhecimento e materializa a estrutura social de integração e promoção de bem-estar. A subjetividade é marcada por uma introspecção constitutiva principalmente na fase do jovem adulto, representada pela qualidade dos pensamentos cognitivos, manejo das emoções e ampliação das relações afetivas e sociais. Para um grupo de pesquisadores da universidade de Harvard, nos Estados Unidos, a qualidade dos relacionamentos influencia o sentimento de pertencimento ao grupo e segurança para autenticidade. Esses fatores são essenciais para qualidade de vida e sensação de felicidade (WALDINGER, 2016).

A autonomia permite experimentar novas experiências e ser autor da sua própria história. Essas características naturais marcam a presença de uma organização de apego seguro no ciclo vital.  Com o processo de maturidade, há uma tendência para autonomia e menos solidão, se existe o outro internalizado. O processo de exploração do seu mundo externo acontece gradualmente conforme o jovem adulto se defronta com novas responsabilidades. A regulação da autoestima e confiança se tornam importante para não haver mal-estar. A partir das experiências iniciais, o jovem adulto pode aprender a partir de sua capacidade mais elaborada de pensamento, novas tentativas de relacionamentos. Com esse novo olhar ampliado, abre-se caminho para compreensão das vulnerabilidades que os pais também possuem e que dentro de suas possibilidades, fizeram aquilo que puderam perante a educação dos filhos.

A responsabilidade de tornar esse espaço de criação é de todos. O processo de construção do indivíduo se estrutura ao constituir conhecimento, cultura e dinâmicas sociais, sendo causador pelas construções de mundo que realizam (MELMAN, 2008). O apoio social que se intensifica com as relações significa referência de pertencimento, cuidado e valorização e, isso mantém a aproximação com os outros. A rede social serve como depósito da formação de identidade e história pessoal, sendo uma fonte de nutrição emocional, cuidados, validação e responsabilidade pelo outro.

Com isso, entende-se que todo coletivo humano parte de um pressuposto subjetivo.

Referências:

ANTON, Iara L. Camaratta. Vínculos e Saúde Mental. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2018.

FRUGGERI, L. O processo terapêutico como construção social da mudança. In S. McNamee, & K. Gergen. A terapia como construção social. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

MELMAN, Jonas. Família e doença mental: Repensando a relação entre profissionais de saúde e familiares. São Paulo: Escrituras Editora, 2008. 

Sluzki, Carlos. A rede social na prática sistêmica: Alternativas terapêuticas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.

UBER, Márcia Lúcia Rieth; BOECKEL, Mariana Gonçalves. A prática em Terapia de Família e as Redes Sociais Pessoais. Pensando Famílias, 18(2), dez. 2014 (108-123). Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v18n2/v18n2a09.pdf>

WALDINGER, Robert. O que realmente nos faz felizes? As lições de uma pesquisa de Harvard que há quase oito décadas tenta responder a essa pergunta.BBCMundo, Rio de Janeiro, 23 de Nov 2016. Disponível em:<https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-38075589

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